Pesquisa Datafolha revela que 52% desconhecem os sintomas da DPOC. No entanto, 20% são fumantes e correm sério risco de desenvolvê-la caso não abandonem o hábito
Apenas 1% sabe que DPOC é uma doença respiratória ou pulmonar
Cerca de 7 milhões de brasileiros são portadores da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), que é hoje a 6ª causa de óbito no mundo e a 5ª no Brasil. Detentora também de elevados índices de hospitalização, incapacitação e morte prematura, a doença é desconhecida pela grande maioria da população brasileira. Esta é a constatação da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia ao analisar resultados inéditos de “Saúde Respiratória e do Pulmão”, estudo realizado pelo Datafolha Instituto de Pesquisa, que comprova o desconhecimento sobre a DPOC e outros males que atingem a saúde respiratória.
No estudo, a DPOC foi uma das doenças respiratórias menos citadas, atrás somente da fibrose cística. Mesmo com um cartão que continha as principais doenças respiratórias, somente 24% dos entrevistados afirmou conhecê-la. Ainda assim, destes, 52% não souberam citar um único sintoma. Sobre as causas, alguns apostaram erroneamente na poluição (46%), pó ou poeira (38%) ou clima frio ou úmido (31%).
Resultado da associação da inflamação brônquica (bronquite) e da destruição alveolar (enfisema), a DPOC é decorrente do tabagismo. Além das alterações nos pulmões, o paciente também pode desenvolver cardiopatias, hipertensão arterial, diabetes, asma, osteoporose, entre outros problemas.
Com tudo isso, o diagnóstico da doença é muito mais simples do que se imagina. Ao contrário de exames caros ou demorados, como a radiografia ou a tomografia, sugeridos por 45% e 37% dos entrevistados, respectivamente, o pneumologista pode detectar a doença em poucos minutos, no próprio consultório, por meio de um exame simples: a espirometria, também conhecida como teste do sopro.
“É maneira mais simples de diagnosticar esta e outras doenças pulmonares. Rápida e sem contraindicações, é realizada no próprio consultório, não exige nenhum tipo de preparo. A espirometria é capaz, inclusive, de verificar aumento do risco cardiovascular, prevenindo o infarto e auxiliando no diagnóstico da doença cardiovascular”, alerta o dr. Roberto Stirbulov, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.
DPOC e o tabagismo
Cerca de 15% dos tabagistas são portadores da DPOC, o que equivale a um total de 5 a 7 milhões de brasileiros doentes. Muitos deles, no entanto, não têm o diagnóstico e permanecerão assim até que a doença esteja grave o suficiente para causar falta de ar para andar ou até mesmo para realizar simples ações do dia a dia, como tomar banho ou trocar de roupa.
“Fumantes e ex-fumantes, especialmente aqueles com mais de 40 anos devem realizar consultas periódicas ao pneumologista, realizando o exame de espirometria anualmente. Quanto mais precoce for o diagnóstico, melhores serão os resultados do tratamento”, explica dr. Roberto.
A pesquisa
Com o objetivo de levantar junto à população brasileira mais informações sobre o seu conhecimento acerca da saúde respiratória e dos males que a atingem, foram entrevistados 2.242 brasileiros com 16 anos ou mais, pertencentes a todas as classes econômicas, em uma pesquisa quantitativa, com abordagem pessoal, em pontos de fluxo populacional.
As entrevistas foram realizadas mediante aplicação de questionário estruturado, com cerca de 20 minutos de duração, distribuídas em 143 municípios, com margem de erro máxima de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.
O desenho amostral foi elaborado com base em informações do Censo 2000/ estimativa 2009 (Fonte: IBGE), com a estratificação por Unidade Federativa e porte dos municípios, de acordo com os pesos das regiões brasileiras, de forma a representar o universo estudado.
Desta forma, 39% dos entrevistados residem na região Metropolitana e 61% no interior. A maioria deles possuía entre 16 e 44 anos (67%), tem filhos (62%), possui escolaridade fundamental (47%), pertence à classe C (48%), faz parte da população economicamente ativa (68%), possui renda familiar até R$ 1.020,00 (até 2 salários mínimos, 51%), reside na região Sudeste (43%).
PRINCIPAIS RESULTADOS OBTIDOS NA PESQUISA
(Não estão necessariamente corretos. Apenas refletem a opinião dos entrevistados)
• O que causa ou agrava a DPOC?
63% cigarro ou fumaça de cigarro
46% poluição
38% pó/poeira
31% clima frio ou úmido
22% ar-condicionado/ventilador
18% hereditariedade/histórico familiar
10% sedentarismo
16% não sabem
• Quais os principais sintomas da DPOC?
28% falta de ar, dificuldade para respirar
16% tosse
11% dor no peito, dor torácica
9% febre, calafrio
9% mal estar, indisposição, dor no corpo
52% Não sabe
• A qual médico recorrer em caso de suspeita?
45% não sabe
29% pneumologista
21% clínico geral
2% médico de pulmão
1% oncologista
1% infectologista
1% otorrinolaringologista
1% nenhum
• Costume de fumar cigarros e quantidades
60% nunca fumou
20% fuma
19% não fuma, mas já fumou
1% não respondeu
• Dos que fumam, diariamente consomem:
12% até 10 cigarros
7% de 11 a 20 cigarros
2% mais de 20 cigarros
Média: 13 cigarros por dia
• 26% costumam ficar expostos à fumaça de cigarro em ambientes fechados, pelo tempo médio de:
52% até 2 horas
18% de 3 a 4 horas
10% de 5 a 6 horas
7% de 7 a 8 horas
13% 9 horas ou mais