Pesquisa aponta eficácia de antifúngico no tratamento de Epilepsia


Um estudo realizado pela disciplina de Neurologia Experimental da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) demonstrou que o Clotrimazol, substância antifúngica utilizada no tratamento de candidíases e micoses, funcionou como agente protetor de células nervosas de animais que, se lesadas, provocam epilepsia.

Fulvio Alexandre Scorza, professor da Unifesp e neurofisiologista responsável pela pesquisa, explica que estudos prévios demonstraram que o Clotrimazol é capaz de interferir no processo de entrada de cálcio nos neurônios. “Nas epilepsias, um dos principais mecanismos capazes de lesar neurônios em crises epilépticas é o excesso de cálcio nas células nervosas”. De acordo com o pesquisador, a proteção dos neurônios pelo antifúngico sugere que esta pode ser uma alternativa futura no tratamento das epilepsias. “Esse é o primeiro trabalho no mundo que mostrou esse efeito e, obviamente, abre enormes perspectivas para futuras pesquisas e, quem sabe, para uma nova proposta terapêutica”, afirma.

Atualmente, estima-se que 60 milhões de pessoas no mundo têm epilepsia e que aproximadamente 80% destes indivíduos vivem em países em desenvolvimento. No Brasil, cerca de 2% da população tem epilepsia.

Menor perda neuronal

Os pesquisadores aplicaram Pilocarpina, um alcaloide capaz de induzir crises epilépticas duradouras – e que não mostram sinais clínicos de interrupção –, em oito ratos de laboratório. Quatro deles receberam a substância pura e, os outros quatro, associada ao Clotrimazol. Os animais foram acompanhados durante 15 dias, sendo que metade recebeu uma dose diária do antifúngico e, o restante, somente soro fisiológico.

Após 60 dias, verificou-se que os animais que receberam Clotrimazol tiveram menor perda de células nervosas quando comparado aos que receberam somente solução fisiológica.